sexta-feira, 12 de abril de 2013

Comentário liturgico - III Domingo da Páscoa



Introdução:

“Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo”. É sempre e em torno do Ressuscitado que nós nos reunimos. Ele é continuamente o Verdadeiro Cordeiro que proporciona a vida em plenitude. Por isso, a Ele demos glória e graças eternamente, porque nos alimenta com sua Palavra proclamada e com o pão partilhado, alimento que fortalece a quem quer ser verdadeiramente discípulo missionário, buscando como Ele a defender a vida, dom de Deus.

· Evangelho (Jo 21,1-19 ou 1-14)
A narração do texto de hoje é riquíssima de detalhes na sua exegese teológico-bíblica. É impressionante perceber que o evangelista João, sem dúvida, deseja nos informar que os apóstolos provaram de perto a experiência do ressuscitado, além da incrível catequese repassada aos cristãos das comunidades.
Alguns destaques não podem passar despercebidos, tais como, por exemplo: As duas aparições do ressuscitado foram em dias de domingo, enquanto o Evangelho de hoje situa a aparição de Jesus num dia de semana, pois a aparição ocorre enquanto os discípulos estão trabalhando, estão pescando. Outros destaques, também importantes são: o número dos ocupantes da barca: são sete. Este número indica a perfeição, a totalidade dos discípulos que formam a comunidade; o mar: O mar é para os israelitas o símbolo que mais representa a força inimiga do homem. A missão dada por Jesus aos seus discípulos foi a de enfrentar as “ondas” do mar para “pescar” os homens, para tirá-los das águas, para livrá-los de todas as situações negativas que os impedem de ser livres e felizes.
Pois bem, agora, vamos ao núcleo da mensagem do trecho do Evangelho de hoje: Os discípulos trabalharam a noite toda, mas não conseguiram absolutamente nada. Quanto esforço em vão. Às vezes acontece o mesmo conosco: não será, talvez, a falta de fé no Ressuscitado? Porém, quando seguem as orientações de quem de direito, eis o milagre: o resultado foi surpreendente.
O Evangelho de hoje ainda nos apresenta a singular iniciativa de Jesus, embora estando na “margem”, isto é, na glória do Pai, está sempre conosco.
O resultado da ação missionária da Igreja é indicado pela extraordinária quantidade de peixes pescados: 153. O sentido deste detalhe curioso é, pois, o seguinte: a comunidade cristã levará em frente de modo pleno e total a sua missão de salvação. A missão dos discípulos de Cristo (os de ontem, como os de hoje) é retirar de condições desesperadoras toda pessoa que se encontra embrulhada nas forças do mal. O que não pode faltar a esses é a generosidade na doação de si mesmos.
Uma simples proposta para a nossa reflexão: Como temos reagido após a celebração eucarística, quando nos vemos diante das carências dos irmãos marginalizados?

· II Leitura (Apocalipse 5,11-14)
Algumas particularidades do texto de hoje merecem ser tratadas:
1ª) As comunidades às quais foi escrito o livro passavam por momentos difíceis por causa do testemunho: insultos, perseguições, exílio, mortes.
2ª) João garante às comunidades que Jesus Cristo, o ressuscitado, é só Ele e não há outro que dá sentido à história.
3ª) O trono. Esse é um símbolo que expressa a estabilidade de Deus e de seu projeto.
4ª) E os anciãos, qual é o seu significado? São figuras que representam os irmãos e irmãs que, mesmo diante das terríveis perseguições e outras artimanhas diabólicas, perseveraram no seu autêntico testemunho de fidelidade ao ressuscitado.
5ª) E o Cordeiro, quem o é? O autor atribui a Cristo, morto e ressuscitado; ele é o Cordeiro. Só a ele, o poder, a riqueza, a sabedoria, a força, a honra, a glória e o louvor (v. 12).
6ª e última particularidade: A dinâmica liturgia na sua plenitude se encerra no céu com um amém solene. Ou seja, isto é verdade; fidelidade de Deus. O seu veredicto é seguido do convite à seguinte fidelidade: adorar a quem: Ao Deus da Vida, ou ao deus da morte? Claro, ao Deus da VIDA.

· I Leitura (Atos 5,27-32.40-41)
É sabido que os apóstolos foram presos pelos chefes e anciãos do povo, e levados por esses, para serem açoitados. Pergunta-se: Qual foi o crime que eles cometeram? Desobedeceram aos sumos sacerdotes! A ordem dada era a seguinte: “de não ensinar nesse nome” e os censura: “quereis fazer recair sobre nós o sangue deste homem” (vv. 27-28). Note-se que eles até evitam pronunciar o nome de Jesus: Chamam-no “este”, “aquele homem”.
Um detalhe: Mas nem um pouco amedrontado, o velho Pedro, em nome dos amigos, profeticamente responde: “Importa obedecer antes a Deus do que aos homens” (v. 29).
Vejamos bem o que tudo isso significa: É Claro que Jesus incomodou os detentores e representantes do poder, quer político, quer econômico, quer religioso, como também às mentalidades arcaicas e patrocinadoras de todo e qualquer questionamento que viesse propor mudança da realidade patrocinadora das injustiças dessa ou daquela ordem. Também não faz diferença a atitude cristã autêntica de alguns irmãos e irmãs, em nossos dias; de fato, não podem deixar de serem pessoas antipáticas e incômodas para aqueles e aquelas que propugnam e defendem situações injustas, porque incompatíveis com o Evangelho.
Para ajudar nossa meditação: “Dando nome aos bois”: “Nós cristãos”, “nós catequistas”, “nós animadores de comunidades”, “nós agentes de pastorais”, “nós, nós, nós...”, obedecemos mais a Deus ou aos homens?   
Resumindo a mensagem cristã sobre a Ressurreição, Pedro, fortalecido pelo Espírito Santo, contrapõe a Ação de Deus à das autoridades judaicas: “Deus ressuscitou Jesus que vós matastes”.



Paróquia da Imaculada Conceição
Nova cruz-RN

Pe. Francisco de Assis Inácio
- Pároco -

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