Introdução:
“Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo”.
É sempre e em torno do Ressuscitado que nós nos reunimos. Ele é continuamente o
Verdadeiro Cordeiro que proporciona a vida em plenitude. Por isso, a Ele demos
glória e graças eternamente, porque nos alimenta com sua Palavra proclamada e
com o pão partilhado, alimento que fortalece a quem quer ser verdadeiramente
discípulo missionário, buscando como Ele a defender a vida, dom de Deus.
·
Evangelho (Jo 21,1-19 ou 1-14)
A narração do texto de hoje é riquíssima de detalhes
na sua exegese teológico-bíblica. É impressionante perceber que o evangelista
João, sem dúvida, deseja nos informar que os apóstolos provaram de perto a
experiência do ressuscitado, além da incrível catequese repassada aos cristãos
das comunidades.
Alguns destaques não podem passar despercebidos, tais
como, por exemplo: As duas aparições do ressuscitado foram em dias de domingo,
enquanto o Evangelho de hoje situa a aparição de Jesus num dia de semana, pois a aparição ocorre enquanto os discípulos
estão trabalhando, estão pescando. Outros destaques, também importantes são: o número dos ocupantes da barca: são sete. Este
número indica a perfeição, a totalidade dos discípulos que formam a comunidade;
o mar: O mar é para os israelitas o
símbolo que mais representa a força inimiga do homem. A missão dada por Jesus
aos seus discípulos foi a de enfrentar as “ondas” do mar para “pescar” os
homens, para tirá-los das águas, para livrá-los de todas as situações negativas
que os impedem de ser livres e felizes.
Pois bem, agora, vamos ao núcleo da mensagem do trecho
do Evangelho de hoje: Os discípulos trabalharam a noite toda, mas não
conseguiram absolutamente nada. Quanto esforço em vão. Às vezes acontece o
mesmo conosco: não será, talvez, a falta de fé no Ressuscitado? Porém, quando
seguem as orientações de quem de direito, eis o milagre: o resultado foi
surpreendente.
O Evangelho de hoje ainda nos apresenta a singular
iniciativa de Jesus, embora estando na “margem”, isto é, na glória do Pai, está
sempre conosco.
O resultado da ação missionária da Igreja é indicado
pela extraordinária quantidade de peixes pescados: 153. O sentido deste detalhe
curioso é, pois, o seguinte: a comunidade cristã levará em frente de modo pleno
e total a sua missão de salvação. A missão dos discípulos de Cristo (os de
ontem, como os de hoje) é retirar de condições desesperadoras toda pessoa que
se encontra embrulhada nas forças do mal. O que não pode faltar a esses é a
generosidade na doação de si mesmos.
Uma simples proposta para a nossa reflexão: Como temos
reagido após a celebração eucarística, quando nos vemos diante das carências
dos irmãos marginalizados?
·
II Leitura (Apocalipse 5,11-14)
Algumas particularidades do texto de hoje merecem ser
tratadas:
1ª) As comunidades às quais foi escrito o livro
passavam por momentos difíceis por causa do testemunho: insultos, perseguições,
exílio, mortes.
2ª) João garante às comunidades que Jesus Cristo, o
ressuscitado, é só Ele e não há outro que dá sentido à história.
3ª) O trono. Esse é um símbolo que expressa a
estabilidade de Deus e de seu projeto.
4ª) E os anciãos, qual é o seu significado? São
figuras que representam os irmãos e irmãs que, mesmo diante das terríveis
perseguições e outras artimanhas diabólicas, perseveraram no seu autêntico
testemunho de fidelidade ao ressuscitado.
5ª) E o Cordeiro, quem o é? O autor atribui a Cristo,
morto e ressuscitado; ele é o Cordeiro. Só a ele, o poder, a riqueza, a
sabedoria, a força, a honra, a glória e o louvor (v. 12).
6ª e última particularidade: A dinâmica liturgia na
sua plenitude se encerra no céu com um amém
solene. Ou seja, isto é verdade; fidelidade de Deus. O seu veredicto é
seguido do convite à seguinte fidelidade: adorar a quem: Ao Deus da Vida, ou ao
deus da morte? Claro, ao Deus da VIDA.
·
I Leitura (Atos 5,27-32.40-41)
É sabido que os apóstolos foram presos pelos chefes e
anciãos do povo, e levados por esses, para serem açoitados. Pergunta-se: Qual
foi o crime que eles cometeram? Desobedeceram aos sumos sacerdotes! A ordem
dada era a seguinte: “de não ensinar nesse nome” e os censura: “quereis fazer
recair sobre nós o sangue deste homem” (vv. 27-28). Note-se que eles até evitam
pronunciar o nome de Jesus: Chamam-no “este”, “aquele homem”.
Um detalhe: Mas nem um pouco amedrontado, o velho
Pedro, em nome dos amigos, profeticamente responde: “Importa obedecer antes a
Deus do que aos homens” (v. 29).
Vejamos bem o que tudo isso significa: É Claro que
Jesus incomodou os detentores e representantes do poder, quer político, quer
econômico, quer religioso, como também às mentalidades arcaicas e
patrocinadoras de todo e qualquer questionamento que viesse propor mudança da
realidade patrocinadora das injustiças dessa ou daquela ordem. Também não faz
diferença a atitude cristã autêntica de alguns irmãos e irmãs, em nossos dias; de
fato, não podem deixar de serem pessoas antipáticas e incômodas para aqueles e
aquelas que propugnam e defendem situações injustas, porque incompatíveis com o
Evangelho.
Para ajudar nossa meditação: “Dando nome aos bois”:
“Nós cristãos”, “nós catequistas”, “nós animadores de comunidades”, “nós
agentes de pastorais”, “nós, nós, nós...”, obedecemos mais a Deus ou aos
homens?
Resumindo a mensagem cristã sobre a Ressurreição,
Pedro, fortalecido pelo Espírito Santo, contrapõe a Ação de Deus à das
autoridades judaicas: “Deus ressuscitou Jesus que vós matastes”.
Paróquia da
Imaculada Conceição
Nova cruz-RN
Pe. Francisco
de Assis Inácio
- Pároco -
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