PAI-NOSSO,
PAI DE TODOS!
Ev. Lc 11,1-13
A temática principal que aparece no
Evangelho de hoje (Lc 11,1-13) é o “pedido e a promessa”.
Um de seus discípulos, carente pela
oração, em nome de todos os demais, pede ao Mestre que lhes ensine a rezar:
“Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou a seus discípulos”. O
discípulo, acertadamente, bateu à porta de quem tinha as prerrogativas para
ensinar a verdadeira oração.
Cadê João, o seu mestre, não lhe
ensinou a rezar? Percebe-se que, na iniciativa do discípulo, surge o desejo de
um maior discernimento entre as duas realidades - o velho e novo, nascendo assim,
no Evangelho de São Lucas, as verdadeiras diretrizes sobre a oração cristã, a
realidade nova.
O discípulo espera que Jesus conclua
sua experiência oracional, para pedir-lhe: “Senhor, ensina-nos a orar, como
também João ensinou a seus discípulos”. Jesus não hesitou, logo ensinou-lhes,
dizendo assim: “Quando orardes, dizei: Pai”
A partir de então, começa aparecer o
novo. Qual é a novidade trazida? O novo está exatamente na forma como devem as
pessoas se relacionar com Deus: agora, sim, Deus deixar de ser aquele ser
comparado a um juiz implacável, distante e incomunicável, ou um patrão
perseguidor e desumano, para ser o Querido, o Amado, o Próximo, o Eterno Amigo
e Solidário de todos os seus filhos e filhas.
“Santificado seja o vosso nome”
Quando glorificaremos o nome de Deus?
Quando a sua ação libertadora e salvadora contagiam os homens e as mulheres.
Por exemplo: quando qualquer um e qualquer uma vê-se libertado de qualquer mal,
conquistou o seu próximo, depois de tantos anos que passaram intrigados, e
tantos outros sinais que respiram motivos de alegria e satisfação, aí sim,
manifestamos as razões salvadoras na sua forma plena.
“Venha o vosso Reino”
Só a presença do Reino de Deus é capaz
de destruir o anti-reino patrocinador do ódio, da vingança, da competição, das
falcatruas, oferecendo as possibilidades necessárias para a implantação do
Verdadeiro Projeto do Reino do Amor e da Paz.
Ai sim, a oração atua de fato na
manifestação santificadora do nome de Deus e a presença do seu Reino torna-se
visível no coração de cada um.
“Dai-nos hoje o pão que precisamos”
O pão, aqui, quer significar não só o
pão alimento, mas toda e qualquer forma de carência, tais como: terra, moradia,
emprego, salário justo, educação, saúde, liberdade, direitos respeitados, vida
para todos e todas, cidadania; contando que tudo reflita o “paraíso brotado das
mãos do Eterno Pai.
“Perdoai-nos os nossos pecados,
pois também nós e perdoamos a todos os que nos devem”
Se nós os filhos e filhas de Deus,
irmãos de Jesus na fé, os cristãos seguidores e chamados pelo batismo ao
seguimento do Mestre, não formos capazes de compartilhar uns com os outros o
dom do perdão, não passaremos de hipócritas, ou seja, negar as relações
fraternais entre si é tornar inútil e mentirosa a oração ensinada por Jesus
Cristo.
“E não nos deixeis cair em
tentação”
Todo e qualquer cuidado ainda é pouco,
frente a um mundo baseado e condicionado ao ter
pelo ter, ao poder pelo
poder, e o pior é que para muitos, esta mentalidade está a cima de tudo e
de todos, da ambição, do prestígio, do egoísmo e da idolatria.
Jesus, por sua vez, tem a preocupação
em nos conscientizar, de nos alertar para a devida atenção aos valores do
Reino: serviço, solidariedade, respeito ao próximo e disponibilidade como
condições necessárias para que se construa um mundo de Deus e de irmãos.
“Certeza de ser ouvido” (vv. 5-10)
A parábola contada por Jesus no
Evangelho de hoje nos garante que, se pedirmos com fé, humildade e esperança,
seremos atendidos: “Peçam e receberão; procurem e encontrarão; batam, e a porta
será aberta para vocês. Porque todo o que pede, recebe; o que procura,
encontra; e, para quem bate, se abrirá” (vv. 9-10). Precisamos alimentar tais
convicções.
“Deus é Pai” (vv. 11-13)
Se Deus é verdadeiramente Deus e
verdadeiramente Pai, que necessidade tem de nossas preces? Não é porque rezamos
menos que ele será menos Deus, menos Pai, menos perfeito? Não é que só temos
necessidade de rezar, precisamos também mergulhar no Senhor, se não
esqueceremos nosso próximo e nos tornamos então tão inumanos.
Qualquer é o pai, qual é a mãe que não
se preocupa em atender aos seus filhos, nas suas necessidades as mais urgentes?
Com muito maior razão age o Pai que dá aos seus filhos e filhas o bem supremo.
O Pai-nosso é uma síntese de toda a mensagem
cristã. É preciso entender que nas orações reflete-se o conteúdo da própria fé
e a imagem do Deus no qual se acredita. Não basta rezar, saber como rezar é o
mais importante. Assim sendo, Jesus teve o cuidado necessário de ensinar uma
oração que serve de modelo para quem quer viver como Jesus viveu.
Dai-nos, Espírito Santo, os dons da
inteligência e da sabedoria, dom de entender e saborear os mistérios divinos.
Assim seja!
Para refletir: Quando? Como? A quem? Por quem? E
como nos sentimos, quando rezamos?
Paróquia
da Imaculada Conceição
Nova
Cruz – RN
Pe.
Francisco de Assis Inácio
-
Pároco -
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