26º
Domingo do Tempo Comum
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Evangelho: Lc 16,19-31
É Lucas o
evangelista que, intencionalmente, nos apresenta Jesus a caminho de Jerusalém. Seria
desnecessário dizer que esta “viagem” percorrida pelo caminheiro Jesus que lá
vai indo, carrega consigo uma acepção teológico-catequética. Ou seja, o Mestre precisa concluir sua missão,
tendo que anunciar o seu Projeto de salvação também a Jerusalém, responsável
por calar até os profetas de Deus, mesmo que seja preciso correr riscos. “A
viagem de Jesus culmina em Jerusalém, onde será morto pelo poder político e
religioso, mas ressuscitará vitorioso”.
Por detrás das
palavras, Lucas parece insistir no fato de que essa viagem é, portanto, o
caminho de quem aceita ser discípulo missionário de Jesus, ou seja, a estrada a
ser trilhada pela comunidade. Agora, porém, ocorre-me uma indagação: Então,
para alguém se candidatar a ser cristão, a condição sine qua non (sem o qual não pode) é assumir opções e riscos, os
mesmos do Mestre?
Um detalhe não
menos importante, é que esta parábola não é encontrada em todos os evangelhos;
ela é uma especialidade própria na “mesa” de Lucas.
De
certo modo, é típico do Evangelho de Lucas realçar, mais do que os outros, as
“inversões da situação”, em que os últimos serão os primeiros e os primeiros
serão os últimos: trata-se da parábola do endinheirado e do pobre Lázaro (Lc
16,19-31).
Inversões de valores: É interessante
salientar aqui as desproporcionalidades: Por exemplo, as sobras da mesa do rico
não vão para o pobre, mas para os cachorros. A vida do cachorro do rico é mais
importante do que a vida do pobre. Outro elemento importante é que Lázaro tem
nome, enquanto o rico não se sabe o seu nome (não tem identificação). Outro
diferencial: Enquanto Lázaro vai para “o seio de Abraão”, o rico, entretanto,
vai para o xeol, a região dos mortos.
Conferindo
a retrospectiva (v. 19): “Havia um homem rico, que se vestia com roupas finas e
elegantes e dava festas esplêndidas todos os dias. Um pobre, chamado Lázaro,
cheio de feridas, ficava sentado no chão junto à porta do rico. Queria matar a
fome com as sobras que caíam da mesa do rico,...”.
A
parábola faz uma alusão a uma realidade marcada pela dureza, isolamento,
incredulidade: consequências próprias do viver em função “do ter pelo ter”. Os
pobres não têm absolutamente nada a perder; por isso, os seus corações vivem
disponibilizados para os outros.
Todos
são iguais em matéria de morte, mas o destino é diferente: “Lázaro é levado
pelos anjos junto de Abraão (v. 22), isto é, torna-se íntimo daquele que foi
solidário com o mais fraco”. Inversão de situação: o rico está em aflição e
Lázaro bastante sossegado em companhia de Abraão.
“A
pessoa só tem um coração; se o coração se afeiçoa ao dinheiro, fecha-se ao
irmão. Os ricos são infelizes porque e rodeiam de bens como de uma fortaleza.
Os pobres não têm nada a perder. Por isso, ´as mãos mais pobres são as que mais
se abrem para tudo dar’”.
Conclusão: quanto a esta passagem, agora
compreendo bem o que Jesus quer dos fariseus: “Ele está tentando fazer ver aos
fariseus é que, num tempo onde os meios para entrar no Reino de Deus estão na
Lei de Deus, eles correm o risco de abraçar não a Lei, mas o que é abominável
aos olhos de Deus”.
É sobre esse pano de fundo que Jesus conta a
parábola do rico e de Lázaro: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”.
Para
refletir:
ü
Como reagimos como cristãos em face das
clamorosas injustiças sociais? Tomamos posições parecidas com as de Jesus? Ou
será que não ficamos assistindo, passivamente, dizendo que tudo enfim, é
vontade de Deus?
ü
A quantas andamos em matéria de teoria, discursos,
conversas? E de prática?
Paróquia
da Imaculada Conceição
Nova Cruz – RN
Pe. Francisco de Assis Inácio
Pároco
Uma excelente reflexão do Padre Assis. Nos ajudará nas posições que devemos tomar com base em Jesus Cristo.
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