sexta-feira, 4 de outubro de 2013

“SENHOR, AUMENTA NOSSA FÉ!”



27º Domingo do Tempo Comum

“SENHOR, AUMENTA NOSSA FÉ!”

Evangelho: Lc 17,5-10
            Os apóstolos disseram ao Senhor: "Aumenta a nossa fé!". O Senhor respondeu: "Se vocês tivessem fé do tamanho de uma semente de mostarda, poderiam dizer a esta amoreira: 'Arranque-se daí, e plante-se no mar’. E ela obedeceria a vocês". Se alguém de vocês tem um empregado que trabalha a terra ou cuida dos animais, por acaso vai dizer-lhe, quando ele volta do campo: 'Venha depressa para a mesa’? Pelo contrário, não vai dizer ao empregado: 'Prepare-me o jantar, cinja-se e sirva-me, enquanto eu como e bebo; depois disso você vai comer e beber’? Será que vai agradecer ao empregado, porque este fez o que lhe havia mandado? Assim também vocês: quando tiverem cumprido tudo o que lhes mandarem fazer, digam: "Somos empregados inúteis; fizemos o que devíamos fazer’".

- REFLEXÃO -




                        O texto do Evangelho, que nos é oferecido pela liturgia para este domingo, parece não ser tão simples, pelo menos para algumas pessoas, quando da sua compreensão diante da abordagem teológica e catequética.       Como vemos, o trecho está dividido em três partes:
1ª) Um pedido dos apóstolos: “Senhor, aumenta a nossa fé!”
                        Como é sentido, Jesus dentro do contexto de sua ação catequética, ultimamente, vem tratando de temáticas, “como a misericórdia” (cf. Lc 15), “o uso dos bens terrenos” (cf. 16, 1.13), “pobreza e riqueza” (cf. 16,19-31) e hoje, ele trata de mais outro tema: “a fé e lealdade a Deus!”
                        Os apóstolos se queixam que a sua dosagem de fé está pouca, por isso pedem a Jesus para aumentá-la um pouco mais. Temos sempre diante da nossa consciência cristã duas questões: quantidade e qualidade. Na verdade, de que estamos precisando, de quantidade ou de qualidade de fé? Diz Jesus "Se vocês tivessem fé do tamanho de uma semente de mostarda, poderiam dizer a esta amoreira: 'Arranque-se daí, e plante-se no mar’. E ela obedeceria a vocês". 
                        Segundo a resposta de Jesus, fica, portanto, elucidado que não é questão de quantidade, mas de qualidade: um “grãozinho” de fé autêntica seria suficiente para realizar qualquer fenômeno. Ou seja, sem a fé e a oração, os cristãos não seriam capazes de viver decisivamente sua adesão a Cristo e de cumprir seus exigentes preceitos.

2ª) Atitude desconcertante: um patrão aparentemente áspero
                        Nesta segunda parte, nós nos deparamos com uma questão bastante desconcertante: depois de um dia de trabalho, sob um sol causticante, coroado pelo cansaço, o patrão, em vez de convidar o empregado para jantar, trata-o asperamente, pedindo-lhe que prepare uma ceia, antes tendo que lavar-lhe os pés e servi-lo, e depois disso, aí sim, é que o trabalhador poderá se alimentar.
                        Mas o que é mesmo que Jesus nos quer ensinar? A parábola de hoje quer desdizer a imagem de Deus, como sendo aquele que ensina e sustenta a “religião dos merecimentos”.
                        Tendo que sobressair aqui um detalhe: o patrão que representa Deus e os servos que somos nós, ao contrário daqueles que só procuram viver a fé e o amor se houver recompensa, o cristão deve alimentar sempre em si duas verdades: “ele é um simples servo, nada lhe é devido e tudo recebe por pura graça, além de demonstrar confiança radical n´Aquele que, sem mérito da nossa parte, nos chamou ao Seu serviço”. Também é verdade que Deus nos compreende e não nos abomina por causa das nossas ingênuas pretensões, como por exemplo, correr atrás da “religião dos merecimentos”, apesar de tal mentalidade está equivocada. Cuidado, para não acumularmos méritos diante de Deus, alimentando segundas intenções, isto é, o interesse egoísta. Pois é, quem disse que Deus é do tamanho da condição de um auditor, preocupado o tempo todo em registrar créditos e débitos?

3ª parte) Conclusão:depois de ter feito tudo, o servo diz: “sou um servo inútil!” 
                        Mesmo que, depois de ter realizado tudo por amor a Deus, a esse ou aquele (ao seu próximo), à sua comunidade de fé e de amor, inclusive ao pobre, o mais pobre e carente, excluído da sociedade   , após ter consumido a idade, a saúde, renunciado a qualquer outro bem, considerando o verdadeiro e maior projeto de vida: servir a Deus e aos seus semelhantes, ainda que o mundo, a sociedade e até mesmo a Igreja tenham negado o reconhecimento, o verdadeiro cristão deveria, tomado pela convicção de fé, amor e alegria, dizer assim: “só cumpri com o meu dever; sou um servo inútil!”.
                        E mais, agindo na gratuidade, esta é a condição para sermos felizes, reconhecidos e abençoados por Deus. Semelhantes seremos ao Pai Querido, se fizermos assim.
                       
                        PARA REFLETIR:
                        - “A fé e o amor são os dois guias de cego que te conduzirão, através de caminhos desconhecidos, até os segredos de Deus” (S. João da Cruz).
                        - Aprendamos com a parábola deste domingo: ela nos transmite lições de humildade e fé, e nos recorda que tudo nos vem gratuitamente de Deus.


Pe. Francisco de Assis
Pároco de Nova Cruz/RN

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