sábado, 22 de dezembro de 2012

4º domingo do advento




A Eucaristia é a celebração de um acontecimento vivenciado pelas comunidades cristãs, que se reúnem em meio à graça libertadora: o nascimento, morte e ressurreição de Jesus que, a partir de gestos concretos, nos santificou e nos salvou, perdoando nossos pecados.  
A alternativa salvadora vem com Jesus que se encarna nos irmãos e irmãs, os que são pobres, simples e abertos ao seu projeto de vida, esperança e paz (1ª leitura e Evangelho).
Em toda e qualquer época, especialmente, neste tempo do advento, a nossa reação cristã deve dar a seguinte resposta: “Estamos aqui para fazer a tua santa vontade” (2ª leitura).
Sirvamo-nos ainda do testemunho da Senhora Isabel e, a exemplo dela, perguntemos: “Como posso merecer que... o meu Senhor me venha visitar?”.

I leitura (Mq 5,1-4a)
                A título da contextualização, é possível oferecer algumas informações, tais como:
                No tempo do profeta Miquéias a situação política, social e econômica de Israel era catastrófica, por isso, preocupante. Os sinais de violência, corrupção, dominação patrocinados pelas lideranças que detinham os poderes judiciários, políticos e até religiosos provocavam estarrecimento.  
                O rei Ezequias até que é um homem bom, mas suas qualidades administrativas são fracas.
                E o que dizer do profeta Miquéias? Nessa situação embaraçosa, surge o profeta. Miquéias exerce o seu ministério na pequena Vila de Belém de Judá, da antiquíssima família de Éfrata, de onde está para surgir o “Dominador de Israel”, oferecendo um convite à esperança.
                O cap. 5 de Miquéias fala do messianismo.  De fato, o trecho trata de um soberano que reina a partir dos pobres e pequenos, rompendo com a ideologia palaciana.
                O oráculo inicia privilegiando Belém, desprezível aos olhos da corte instalada em Belém. Portanto, a salvação, não vem da capital, vem de uma vila, da roça, exatamente como no início da monarquia em Israel, quando Deus escolheu Davi, um jovem pastor, para organizar e salvar seu povo.
                O vers. 2 fala da restauração do povo. O profeta mostra, simplesmente, dois sinais: o da mulher que dá a luz e a volta dos exilados. Esses sinais tratam de vida nova e de sociedade alternativa.
                No vers. 3 é descrito as qualidades do poder popular. É poder a serviço do bem e da felicidade plena da comunidade: Paz=shalom! Esta é a lógica de Cristo!

Evangelho (Lc 1,39-45)
                Esta é a seção chamada de “a visitação de Maria a Isabel”.
                Antes de mais nada, é válido dizer que São Lucas narra o nascimento do Menino de Jesus, em Belém de Judá, como sendo o cumprimento da profecia de Miquéias (I leitura). Por aquela que aceita conceber o Filho de Deus, nascerá aquele traz a paz.
                Vejamos o que Lucas quer nos ensinar no episódio de hoje.
1. Comecemos pela observação, aparentemente corriqueira, com a qual começa a narrativa: logo que entrou na casa de Zacarias, Maria “saudou Isabel” (v. 10). É o costumeiro “bom dia!” “Tendo ouvido a saudação” o Batista estremeceu de alegria. Trata-se da saudação judaica: “Paz”=shalom! A paz sintetiza o acúmulo de todos os bens que Deus prometeu ao seu povo.
Nos lábios de Maria a palavra “paz” é uma solene proclamação de que chegou ao mundo o esperado Messias e que com ele teve início o reino de paz anunciado pelos profetas.
Perguntemo-nos: O encontro com um cristão transmite sempre serenidade, alegria, paz? Anunciamos a paz só com palavras ou ajudamos a construí-la com a nossa vida?
2. Palavras que Izabel dirige a Maria: “Bendita és tu entre as mulheres”. Aplicando a Maria esta mesma frase, Lucas quer afirmar que também ela pertence à categoria dos instrumentos fracos e simples através dos quais Deus realiza suas obras de salvação. Através de Maria ele realizou o acontecimento mais extraordinário da história: deu aos homens o seu próprio Filho.
3. Isabel continua: “donde me vem esta honra de vir a mim a mãe do meu Senhor?” (v. 43).
 Há ainda outros detalhes significativos que colocam em paralelo a visita de Maria com o episódio da Arca da Aliança: Maria bem como a Arca permanecem durante três meses numa casa da Judéia. É sabido que a Arca é recebida com danças, com hinos festivos e é portadora de bênçãos para a família que a recebe (2 Sm 6,10-11) e Maria ao entrar na casa de Zacarias, faz estremecer de alegria o pequeno João Batista (que representa todo o povo do Antigo Testamento que está à espera do Messias). Portanto, Maria é a Nova Arca, que porta o seu Filho, o Senhor da Vida.
A nossa missão é também a de portar o Senhor para nós e para os outros. Temos realizado essa missão?


4. Maria é considerada “Bem-aventurada” porque “acreditou no cumprimento das palavras do Senhor” (v. 45). Ela conseguiu depositar sua confiança em Deus, cultivou a certeza de que, não obstante todas as aparências contrárias, a palavra de Deus teria se cumprido.
Não é fácil acreditar, especialmente quando se exige de nós contrariar o nosso “bom senso”. Será que estou sendo claro? É que as atitudes de alguns, às vezes, contariam o discernimento da fé. Será que a qualidade, ou melhor, o nosso estágio de fé, não está precisando se fortalecer melhor, a exemplo do que diz S. Paulo: “Sei em quem acreditei!?”. Não vale brincar de ter fé!
Maria nos ensina que vale a pena confiar sempre nas Palavras e no Projeto do Senhor.

Segunda leitura (Hb 10, 5-10)
                A segunda leitura nos oferece a advertência para que, nas nossas atitudes,  sejamos dóceis e dispostos à obediência, a exemplo de Jesus, permitindo assim, que Deus se manifeste através da fragilidade humana.

Pe. Francisco de Assis Inácio
- Pároco -
Paróquia da Imaculada Conceição – Nova Cruz

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