Pe. Francisco de Assis fala sobre os santo juninos
Introdução
Os santos e as santas sempre estão em
alta, nunca saem de moda, embora uns sejam mais conhecidos, venerados e até
mais amados do que outros, conforme os diversos tempos e interesses
circunstanciais. Por que é assim? É que eles significam um indispensável e
urgente testemunho a estimular um ardor diante do caminhar de cada um de nós
cristão para Deus.
Finalmente, como sabemos, há santos que
atendem a todos os pedidos, para qualquer que seja a grandeza, sem deixar de
lado o feitio. A listagem é
quilométrica...!
E nós? Lutemos para que também cheguemos
lá! É desafio por cima de desafio a sermos também nós santos. Contudo, não
esqueçamos a seguinte condição: ser santo é essencialmente seguir e imitar a
Jesus Cristo e amar os nossos irmãos e irmãs.
Vai aqui a minha simples reverência e,
desta vez, “aos santos populares do mês de junho”: Santo Antônio, S. Pedro, S.
João Batista e S. Paulo, os santos de todo o mundo para o mundo de hoje, neste
Ano da Fé.
Santo
Antônio
Antonio, cujo nome de registro é Fernando
de Bulhões y Taveira de Azevedo, nasceu em Lisboa em 1195. Entrou aos quinze
anos no colégio dos cônegos regulares de Santo Agostinho, em Lisboa, onde
permaneceu por dois anos; depois, esteve durante nove anos entre os
agostinianos de Coimbra. Entrou para o convento franciscano de Santo Antônio de
Coimbra, tomando o nome do patrono e santo abade (Antonio Olivares). Em seguida
viajou para a África onde não permaneceu tendo que retornar por motivo de
saúde.
Participou do capítulo geral da Porciúncula (das Esteiras) em 1221, onde
pôde ver São Francisco. Admitido na Província franciscana da Romagna, na qual
recebeu (em Forli) a ordenação presbiteral.
Morreu a 13 de junho de 1231, em Pádua,
ao norte da Itália, exclamando: “Vejo o meu Senhor!”As crianças e o povo gritavam:
“Morreu o santo! Morreu Santo Antônio!”
Lições deixadas por Santo Antônio
a quem pretende interagir a fé com a vida:
-
amor apaixonado
a Jesus e a Maria Santíssima; - homem
místico vivendo da oração e da devoção; -
insigne pregador da Palavra de Deus; - amigo
dos pobres e defensor das vítimas das injustiças; - amante da pobreza; - homem
universal.
São
João Batista
João,
que significa “Deus agracia”, foi nome dado pelo próprio anjo aos seus pais,
Zacarias e
Isabel.
Isabel.
Chegado a altura de iniciar a
preparação para a vinda do Messias, começou a percorrer a região do Jordão
pregando um Batismo de penitência e recorrendo ao profeta Isaías para
proclamar: “Preparai o caminho do Senhor!” Exortava veemente o povo à
conversão, com expressões fortes, escandalizava os fariseus e o próprio
Herodes, a quem censurou também por ter casado com a cunhada, e que por isso o
mandou prender e mais tarde degolar.
Entretanto,
Jesus apresenta-se no Jordão para ser batizado por ele. Depois de recusar por
não se sentir digno, João acede e testemunha que o Espírito desceu sobre Jesus.
Agora podia desaparecer pois era
necessário que Jesus crescesse e ele diminuísse, uma vez que nem digno era de
lhe desatar as sandálias.
A
verdade é que foi verdadeiramente um homem à altura da sua missão
extraordinária.
Lições deixadas por São João
Batista a quem pretende interagir a fé com a vida:
- um modelo ainda
capaz de entusiasmar os verdadeiros cristãos ao profetismo autêntico; - vocação
cumprida, desde o seu nascimento e suscita interrogações: o que virá a ser este
menino?; - verdade e humildade, ao dizer a qualquer um o que era preciso dizer
e de si mesmo afirmou que não era o Messias nem se sentia digno de se aproximar
d´Ele, só desejando que Ele crescesse enquanto ele desaparecia; - penitência:
retirou-se para o deserto, para preparar a sua missão, onde vivia com grande
austeridade, vivendo em virgindade, jejum e oração; - enfim, João pode ser
modelo para os ascetas, para os pregadores, para os ecologistas e vegetarianos.
Modelo, inclusive, para os cristãos que devem
ser, como ele,
anunciadores de Jesus e testemunhas da verdade e da esperança.
São
Pedro
“Pedro (Petros em grego, significando “pedra”,
“rocha”, correspondente a Kefas, do
aramaico Kefa, “rocha”) foi o nome
que lhe atribuiu Jesus, consirando-o primeiro entre os Doze. Chamava-se Simão,
filho de Jonas e irmão de André. Era pescador, natural de Betsaida, mas vivendo
em Cafarnaum com a sogra, deduzindo-se daí que era casado. Ocupa lugar especial
junto de Jesus, que o chama a ser “pescador” de homens”, cabeça do Colégio
Apostólico. Morreu mártir em Roma cerca do ano de 67, sob o domínio do
Imperador Nero. São atribuídos alguns escritos.
Lições deixadas por São Pedro a
quem pretende interagir a fé com a vida:
- Impulsivo,
simples, franco, apaixonado pela causa; - amor a toda prova ao Mestre: “Sim,
Senhor, tu sabes que eu te amo!”; “ardentemente apaixonado pelo Cristo” (Santo
Agostinho); - humilde e levado à conversão: no lava-pés, inicialmente resiste,
mas depois deixa Jesus realizar o seu Plano; - chefe da Igreja, Primeiro Papa:
“Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”; “apascenta as
minhas ovelhas”; - vocação cumprida e martírio: deixando tudo, incluindo a
família, seguiu Jesus, feito “pescador de homens”.
São
Paulo
Paulo nasceu em tarso,
na Cilícia, de família judaica, tendo também cidadania romana. Recebeu formação
nas melhores escolas. Perseguidor dos cristãos (esteve presente na morte de
Estevão), converteu-se de repente, pelo ano de 36, quando Jesus se lhe
manifestou no caminho de Damasco (cf At 9). Volta-se totalmente para Cristo e
para a missão extraordinária que o Filho de Deus lhe confiou de ser Apóstolo
dos gentios. Faz diversas viagens apostólicas pelo mundo conhecido de então,
fundando comunidades que depois visitava de novo ou a quem escrevia cartas.
Lições deixadas por São Paulo a
quem pretende interagir a fé com a vida:
-
Pedro e depois
Paulo, ambos juntos até na celebração litúrgica. Ele tem muito o que nos
indicar como testemunho de fé e vida, autêntico seguidor de Jesus Cristo. Foi
feliz o Papa Bento XVI, quando declarou o ano de 2008 a 2009 como sendo o Ano
Paulino, celebrando 2000 anos do nascimento deste intrépido apóstolo.
- Apóstolo do Senhor, como
ele mesmo se auto cognomina. “Para mim viver é Cristo”; “Já não sou eu quem
vive, mas é Cristo quem vive em mim”; “sei a quem me entreguei”. Amor incondicional
à Igreja, Corpo de Cristo, sempre unido a Cabeça, que é Cristo, devendo
cada cristão sentir-se membro responsável e exercendo os seus carismas ou
ministérios. Caridade para com os pobres filhos de Deus, a exemplo de
Jesus que, sendo rico, por nós se fez pobre (2 Cor 8). Exemplo de oração:
não cessa de pedir graças a Deus por todos, apelando também à oração dos fiéis,
a “orar sem cessar”. Modelo de homem feliz e alegre: não obstante tantas
as tribulações, exorta os cristãos a “alegrar-se sempre no Senhor”. Mártir:
foi testemunha fiel do Ressuscitado, consciente de ter combatido o bom combate
e na esperança de receber a coroa da glória. Morrer para estar com Cristo,
pareceu ser, sobretudo, nos últimos tempos o seu maior desejo.
Critério
para alguém ser santo
Qual é o critério e
onde buscá-lo? O critério não é outro, e sim aquele indicado pelo próprio
Jesus, e porque está nele. Vejamos o que ele diz: “Pelos frutos conhecereis a
qualidade da árvore” (Mt 7,16). E diz mais: “Quem está em mim, e eu nele, esse
dá muito fruto” (Jo 15,5).
Eis, portanto, o
critério, juntamente com a manifestação dos fatos extraordinários, dos milagres
alcançados pela mediação da pessoa falecida, que a Igreja se utiliza para
considerar alguém apto a ser santo, isto é, para ser declarado santo oficialmente
pela Igreja.
A não ser que
alguém tenha sido martirizado. Neste caso não há necessidade de provas, de
milagres, para o processo de canonização, pois seu martírio já é a confirmação
perfeita de sua vivência a nível das virtudes teologais: fé, esperança e
caridade.
A palavra de Deus
admite que Jesus, quando passou por este mundo quis precisar de intermediários.
Por que não admitirá, aqui e agora, a intermediação dos santos?
É claro que ele é o
único e suficiente mediador (1 Tm 2,5), mesmo assim, quem vai negar como
verdade bíblica, que Jesus admitiu intermediários. Pedro, de joelhos, orou e
fez Tabita recuperar a vida (At 9,40). Além de tantos outros exemplos.
Eis, portanto, a
razão pela qual, recorremos aos santos e santas, não para comercializar com
eles, muito menos com Deus. Os santos e santas são lembrados como ajuda e
estímulo para todos os que caminham na busca da própria santificação. “E vós
fostes feitos nossos imitadores, e do Senhor, recebendo a palavra em muita tribulação,
com o gozo do Espírito Santo” (1 Ts 1,6).
“Todo santo é mero
reflexo da santidade de Cristo, é obra excelente da graça do Redentor; por
isso, quem cultua um santo, cultua-o em função de Cristo, louvando a Deus por
quanto fez nos eu santo”.
E todos os santos e santas da Igreja
são, realmente, exemplos, animadores nossos. Por conseguinte, Santo Antônio,
São João, São Pedro e São Paulo, são os santos evocados no mês de junho e
ovacionados durante qualquer tempo pelo piedoso povo de Deus. Eles, os santos de todo o
mundo para o mundo de hoje.
Fontes:
·
LODI,
Enzo, Os Santos do Calendário Romano.
Rezar com os santos na liturgia, S Paulo, Paulus, 2001.
·
OLIVEIRA,
José H. de, Santos ao ritmo da liturgia, S.
Paulo, Paulus, 2010.
·
GIOVANNINI,
Luigi – SGARBOSA, Mario, Um santo para
cada dia (10ª ed.), S. Paulo, Paulus, 1983.
·
GOFFI
(org.), Tullo – SECONDI, Bruno, Curso de
espiritualidade. Experiência – Sistemática – Projeções, S. Paulo, Paulinas,
1994.
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