Próximos pelo amor de Deus
Evangelho (Lc 10,25-37)
Lucas nos coloca de
frente com a parábola do “bom samaritano”. Ela (a parábola) nos faz lembrar o
“Sermão na Planície”: “Sede compassivos, como vosso Pai é compassivo”. Seguindo
a mesma lógica de pensamento, diz o Salmo 103,13: “Como um pai se enternece com
seus filhos”. Dando-nos conta a partir de uma análise profunda sobre o
apropriado sentido da parábola, vemos que a ação misericordiosa dispensa
qualquer código legal. Por conseguinte, depende tão somente do discernimento
amoroso em relação ao dom da vida.
· Insensível, é o que
nos parece!
O
texto começa dizendo assim: “Nisso um jurista se levantou e, para pô-lo à
prova, lhe pergunta: - Mestre, que devo fazer para herdar a vida eterna?”
Jesus
não responde à pergunta, mas se detém na seguinte indagação: O que está escrito
na lei? Prontamente o doutor da lei cita alguns textos bíblicos: O primeiro é o
seguinte: “Amarás o Senhor teu Deus...”; o segundo, sobre o qual os israelitas
insistiam menos: “e o próximo como a ti mesmo”. Jesus reconhece que a resposta
foi dada com bastante perfeição! Depois do elogio, responde: “Faze isto é
viverás”.
O
doutor querendo se justificar, pergunta a Jesus: - “E quem é o meu próximo?”
Conhecer não basta! Atenção, estamos diante de uma questão! Não era fácil para
um judeu reconhecer um samaritano como sendo próximo. Um detalhe: o pior
insulto para um judeu era chamá-lo de samaritano. Jesus não dá importância a
esta dúvida cultural do doutor da lei; nem mesmo lhe responde. O que interessa
para o Mestre é a nossa total disponibilidade em amar a Deus e a qualquer que
seja o nosso próximo.
· Um homem cai nas
mãos de assaltantes (v. 30)
Eis aqui um caso
típico que requer ação misericordiosa. Quem era essa criatura? Dele não se sabe
quase nada; nem a idade, nem a profissão, nem a tribo à qual pertencia, se era
bom ou mau, amigo ou inimigo. Ele simplesmente é chamado de forma genérica: era
um homem! Talvez fosse um judeu!
Atenção,
lei, o que dirás? O que faríamos nós, hoje, diante de situações semelhantes a
que vimos no Evangelho, ou algo semelhante?
Casualmente,
passaram dois religiosos: um sacerdote e um levita (vv. 31-32).
Sabem quem eram eles? Dois judeus, piedosos, religiosos (especialistas sobre Deus,
sobre e sobre a religião) e de moral no lugar. Que atitude foi tomada por eles?
Viram..., mas ignoram o que viram, passando pelo outro lado. Coitadinhos,
talvez não tenham parado e dado à devida atenção, com medo de serem também
assaltados, além da preocupação com a pureza ritual: não era permitido se
aproximar de cadáveres. Contudo, é também verdade que a falsa religião
praticada por eles tenha transformado os seus corações de carne para corações
de pedra (corações insensíveis).
Há
um perigo que é comum a muitos: A insensibilidade! E, assim, são
várias as razões para se driblar os problemas referentes aos direitos humanos,
tais como: é obrigação só do governo; falta de tempo; evitar brigas; o que eu
tenho a ver com isso?; o meu ministério é só administrar os sacramentos; devo
só rezar. Que razão terão estas justificativas diante de Deus?
É
hora de questionamentos. O que vemos? Uma sociedade calculista e fria, um mundo
individualista, competitivo e indiferente aos apelos dos marginalizados. E a
religião vivenciada por alguns, como reage? Quanto à nossa preocupação pelas massas
sobrantes da vida, quais as opções e inquietações assumidas pela nossa
religião? O que dizem os nossos planos pastorais? Fazemos alguma coisa, é
verdade! Mas fazemos o suficiente, conforme nos pede o Evangelho?
“Jesus
não dá nota para o samaritano. Quer que o doutor da lei dê a sentença: 10/10! É
muito importante observar como Jesus inverte a pergunta que lhe foi feita no
começo. Quem é o meu próximo?” – foi lhe perguntado. – Agora ele pergunta: “Na
tua opinião, quem te parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos
ladrões?” (v. 36).
As
últimas palavras de Jesus ao doutor da lei resumem a mensagem de toda a
parábola: “vai e faze tu o mesmo!”
Pe. Francisco de Assis Inácio
- PÁROCO –
PARÓQUIA DA
IMACULADA CONCEIÇÃO
NOVA CRUZ – RN
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