“Fazei tudo como se tudo
dependesse de nós
e espera tudo como se tudo
dependesse de Deus” (Santo Inácio de Loyola)
Evangelho:
Lc 16,1-13
O evangelho de Lucas, não é considerado por alguns biblistas,
moralistas e liturgos como sendo um livro de teologia, como tampouco um manual
de normas morais ou litúrgicas. Constitui a reflexão que a comunidade cristã
realiza sobre este personagem (Jesus), sempre novo e sempre contraditório, que,
em muito pouco tempo, muda o conceito tradicional de religião, que fala
mediante parábolas e comparações populares, para que os simples entendam a
proposta do Reino de Deus, que questiona os mestres da Lei e os sacerdotes,
escribas e fariseus; enfim, que parece haver-se empenhado mais em fazer uma
nova religião, em refazer a imagem de Deus, agora tão simples e tão cotidiano,
que somente os humildes e livres de preconceitos religiosos podem
compreendê-lo.
Assim, e por todos esses motivos, tomamos a liberdade em afirmar que
este livro do evangelho de Lucas é um livro de oração, de teologia, de exegese,
de reflexão e também de leitura hermenêutica...
É Lucas o evangelista que, intencionalmente, nos apresenta a “parábola
do administrador”, que por sua vez, recebe as mais variadas traduções bíblicas:
Parábola do “administrador infiel”; do “administrador prudente”; do “administrador
desonesto”; do “administrador providente”.
Agora damos um passo adiante, afirmando que a parábola reveste-se da
finalidade, portanto, constituída pelo versículo 9: “E eu vos digo que com o
dinheiro sujo ganheis amigos, de modo
que, quando acabar, eles vos recebam na morada eterna”.
Isso leva-nos a ampliar as nossas reflexões, quanto à finalidade da
narrativa, que, aliás, é válido salientar que, não se está aprovando o comportamento
“infiel” e “incluído entre os filhos deste mundo, sinônimo de filhos das
trevas, os quais se colocam em posição oposta relativamente aos filhos da luz”
(v. 8).
Atenção, cuidado e não pouco, é preciso quando tivermos que interpretar
o que a parábola pretende dizer, do contrário poderíamos navegar por mares de
águas turvas e nebulosas, concluindo que Jesus estaria louvaminhando a
desonestidade do administrador.
Nomeando o “homem rico da parábola”, como sendo Deus e Senhor, Lucas ao
mesmo tempo nos informa que a preocupação do seu Filho Jesus são os meios para
entrar no Reino de Deus – é exatamente isso que a parábola ressalta. É Jesus, é
Ele o meio, não qualquer meio, o meio necessário para entrar no Reino de Amor e
Vida; a “porta estreita”, que nos faz chegar ao tão sonhado projeto de amor, o
Reino, é Jesus.
Lembrando mais uma vez, a parábola de hoje é um convite à “esperteza”,
ao discernimento cristão, ao crescimento na fé e na esperança, e na direção do
fim último: Deus. Por isso mesmo, não deixa dúvida, é preciso haver redobrado empenho
por parte do discípulo missionário, esforço devotado e perseverante em buscar
os meios pelos quais poderia ter a vida salva. Trata-se de meta e de lição indicadas
aos fiéis leitores do evangelho. Diz-nos Santo Inácio de Loyola de maneira
muito acertada e adequada: “Fazei tudo como se tudo dependesse de nós e espera
tudo como se tudo dependesse de Deus”.
PARA REFLETIR:
Sem a devida referência, ficamos tateando como cegos em terras
desconhecidas; por isso não ignoremos determinadas, honestas e sábias ideias
pela força que elas têm.
Assim sendo, vamos a alguns homens e mulheres: suas ideias acompanhadas
pelo seu testemunho podem transformar atitudes.
·
Disse Jesus:
“Ninguém pode ser empregado de dois patrões, pois odiará um e amará o outro; ou
será fiel a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e também
servir ao dinheiro” (v. 13).
·
I Tim. 6:10, 11 – "Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os
males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram
com muitas dores. Tu, porém, ó homem de Deus, foge
destas coisas; antes, segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a
mansidão.
·
O que pensa São
João da Cruz: “Se queres que em teu espírito nasça a devoção e cresça o
amor de Deus e o desejo das coisas divinas, purifica-te de toda má tendência,
apego e pretensão, de maneira que nenhuma destas coisas te interesse”.
Ainda sobre a escravidão
do dinheiro:
·
“Um
comerciante, que ia muito bem de negócios, foi ficando cada vez mais
indiferente a sua fé, à medida que prosperava financeiramente. Afinal, afastou-se
inteiramente da Igreja. Então o visitou um velho amigo que, depois dos
cumprimentos, colocou sobre a mesa uma folha de papel, na qual estava escrita
uma palavra.
– Você é capaz
de ler esta palavra?
–
Perfeitamente: Deus.
Então o amigo tirou do bolso uma
moeda, colocou-a sobre a palavra e perguntou:
– É capaz de
ler, agora, o que está escrito aí?
– Não.
– E por que
não?
– Porque a
moeda está encobrindo a palavra.
Então o velho falou, com toda
seriedade:
– Ó meu amigo, é
sempre assim: o dinheiro encobre a Deus de nossa vista. Como você ficou rico,
já não enxerga a Deus nem a Sua causa. Não quer desviar-se do seu falso
caminho?”
·
Com
a palavra a nossa “esperteza”: Você
dama “esperteza”, precisa nos ajudar
no necessário discernimento: é Deus em primeiro lugar ou o “culto”
cego, estúpido e incongruente pelo dinheiro?
PARÓQUIA DA IMACULADA CONCEIÇÃO
NOVA CRUZ – RN
Pe. Francisco de
Assis Inácio
- Pároco -
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