sexta-feira, 20 de setembro de 2013

25º Domingo do Tempo Comum


“Fazei tudo como se tudo dependesse de nós
e espera tudo como se tudo dependesse de Deus” (Santo Inácio de Loyola)


 Evangelho: Lc 16,1-13

O evangelho de Lucas, não é considerado por alguns biblistas, moralistas e liturgos como sendo um livro de teologia, como tampouco um manual de normas morais ou litúrgicas. Constitui a reflexão que a comunidade cristã realiza sobre este personagem (Jesus), sempre novo e sempre contraditório, que, em muito pouco tempo, muda o conceito tradicional de religião, que fala mediante parábolas e comparações populares, para que os simples entendam a proposta do Reino de Deus, que questiona os mestres da Lei e os sacerdotes, escribas e fariseus; enfim, que parece haver-se empenhado mais em fazer uma nova religião, em refazer a imagem de Deus, agora tão simples e tão cotidiano, que somente os humildes e livres de preconceitos religiosos podem compreendê-lo.
Assim, e por todos esses motivos, tomamos a liberdade em afirmar que este livro do evangelho de Lucas é um livro de oração, de teologia, de exegese, de reflexão e também de leitura hermenêutica...
É Lucas o evangelista que, intencionalmente, nos apresenta a “parábola do administrador”, que por sua vez, recebe as mais variadas traduções bíblicas: Parábola do “administrador infiel”; do “administrador prudente”; do “administrador desonesto”; do “administrador providente”.
Agora damos um passo adiante, afirmando que a parábola reveste-se da finalidade, portanto, constituída pelo versículo 9: “E eu vos digo que com o dinheiro sujo ganheis amigos, de modo que, quando acabar, eles vos recebam na morada eterna”.
Isso leva-nos a ampliar as nossas reflexões, quanto à finalidade da narrativa, que, aliás, é válido salientar que, não se está aprovando o comportamento “infiel” e “incluído entre os filhos deste mundo, sinônimo de filhos das trevas, os quais se colocam em posição oposta relativamente aos filhos da luz” (v. 8).
Atenção, cuidado e não pouco, é preciso quando tivermos que interpretar o que a parábola pretende dizer, do contrário poderíamos navegar por mares de águas turvas e nebulosas, concluindo que Jesus estaria louvaminhando a desonestidade do administrador.
Nomeando o “homem rico da parábola”, como sendo Deus e Senhor, Lucas ao mesmo tempo nos informa que a preocupação do seu Filho Jesus são os meios para entrar no Reino de Deus – é exatamente isso que a parábola ressalta. É Jesus, é Ele o meio, não qualquer meio, o meio necessário para entrar no Reino de Amor e Vida; a “porta estreita”, que nos faz chegar ao tão sonhado projeto de amor, o Reino, é Jesus.
Lembrando mais uma vez, a parábola de hoje é um convite à “esperteza”, ao discernimento cristão, ao crescimento na fé e na esperança, e na direção do fim último: Deus. Por isso mesmo, não deixa dúvida, é preciso haver redobrado empenho por parte do discípulo missionário, esforço devotado e perseverante em buscar os meios pelos quais poderia ter a vida salva. Trata-se de meta e de lição indicadas aos fiéis leitores do evangelho. Diz-nos Santo Inácio de Loyola de maneira muito acertada e adequada: “Fazei tudo como se tudo dependesse de nós e espera tudo como se tudo dependesse de Deus”.

PARA REFLETIR:
Sem a devida referência, ficamos tateando como cegos em terras desconhecidas; por isso não ignoremos determinadas, honestas e sábias ideias pela força que elas têm.
Assim sendo, vamos a alguns homens e mulheres: suas ideias acompanhadas pelo seu testemunho podem transformar atitudes.
·                    Disse Jesus: “Ninguém pode ser empregado de dois patrões, pois odiará um e amará o outro; ou será fiel a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e também servir ao dinheiro” (v. 13).
·                    I Tim. 6:10, 11 – "Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores. Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas; antes, segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão.

·                    O que pensa São João da Cruz: “Se queres que em teu espírito nasça a devoção e cresça o amor de Deus e o desejo das coisas divinas, purifica-te de toda má tendência, apego e pretensão, de maneira que nenhuma destas coisas te interesse”.

         Ainda sobre a escravidão  do  dinheiro:

·                    “Um comerciante, que ia muito bem de negócios, foi ficando cada vez mais indiferente a sua fé, à medida que prosperava financeiramente. Afinal, afastou-se inteiramente da Igreja. Então o visitou um velho amigo que, depois dos cumprimentos, colocou sobre a mesa uma folha de papel, na qual estava escrita uma palavra.
–    Você é capaz de ler esta palavra?
–    Perfeitamente: Deus.
Então o amigo tirou do bolso uma moeda, colocou-a sobre a palavra e perguntou:
–    É capaz de ler, agora, o que está escrito aí?
–    Não.
–    E por que não?
–    Porque a moeda está encobrindo a palavra.
Então o velho falou, com toda seriedade:
–   Ó meu amigo, é sempre assim: o dinheiro encobre a Deus de nossa vista. Como você ficou rico, já não enxerga a Deus nem a Sua causa. Não quer desviar-se do seu falso caminho?”

·                    Com a palavra a nossa “esperteza”: Você dama “esperteza”, precisa nos ajudar no necessário discernimento: é Deus em primeiro lugar ou o “culto” cego, estúpido e incongruente pelo dinheiro?



PARÓQUIA DA IMACULADA CONCEIÇÃO
NOVA CRUZ – RN
Pe. Francisco de Assis Inácio
- Pároco -

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