23º Domingo do Tempo Comum -
Ø Evangelho (Lc 14,25-33)
É
típico do evangelista Lucas explorar em seu evangelho a misericórdia de Deus e
as exigências radicais.
A
condição para alguém ser discípulo de Jesus é conhecê-LO e amá-LO, além de
priorizar o seu Reino. Portanto, “quem não coloca Jesus e o Reino de Deus no
centro da sua vida e acima de tudo não pode ser seu discípulo e missionário”.
Um detalhe: A expressão “não pode ser meu discípulo” aparece três vezes (14,
26, 27,33) como se fosse um lema pertinente no Evangelho deste domingo.
Tratando-se
da confirmação das fortes exigências, como condição para seguir Jesus, o
evangelista coloca depois em cena duas parábolas: Para se construir uma “torre”
(14,28-30), é preciso um grande investimento. E a segunda parábola (14,31-32)
sublinha os grandes sacrifícios ligados aquele de Jesus: é preciso renunciar a
todos os seus bens (14,33). Atenção para um paradoxo que há aqui: “se para
construir ou fazer guerra é preciso contar com meios, para seguir Jesus, o
essencial é não possuí-los”.
São três as condições exigidas por Jesus
1. A primeira: “por em segundo lugar”
“Se alguém vem a mim e não
põe em segundo lugar seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos,
suas irmãs e até sua própria vida, não pode seu meu discípulo” (v. 26). Para
Jesus, o amor na sua natureza e dinâmica, não obedece a limite, quanto mais se
ama, melhor fica. Só Jesus é prioritário. É questão de desapego, e o desapego
exige mais ainda: não só as pessoas íntimas e queridas devem ser consideradas
secundárias, inclusive a própria vida.
2. A segunda: “Carregar a cruz”
“Quem não carregar a sua
cruz e não me seguir não pode ser meu discípulo” (v. 27). Cuidado para não
pensarmos esta frase tão somente como sendo uma questão de mortificação e
resignação. A dor deve ser evitada, porém se sou obrigado a assumi-la, que
minha reação não seja de revolta, mas de firmeza e confiança no amor de Deus.
“Às vezes, porém, acontece que o amor aos irmãos exija de nossa parte renúncias
e até sacrifícios heroicos. Cristão é aquele que, como o Mestre, caminha,
“carregando a cruz”, isto é, oferecendo todos os dias a própria vida ao irmão”.
A “cruz”, em si mesma, não é um bem. Mas é um meio para a nossa redenção.
3. A terceira: “Renunciar”
É
preciso ter coragem de ariscar. E mais ainda: o seguimento a Jesus só será
possível, porque autêntico, se houver renúncia de tudo (v 33).
Talvez
alguém venha a conjecturar que, tais exigências só trazem desaconselhamento e
desânimo mais do que animar e fortalecer as pessoas, na sua pequenez e
fragilidade, quando tiverem que se decidir em seguir a Jesus Cristo.
Concluindo,
Lucas, no trecho de hoje, “procura frisar que o ser cristão comporta decisões e
riscos que determinam toda a vida de quem fez essa opção”.
Para refletir:
- Que tal a
proposta: tomar a cruz e seguir a Jesus?
- Temos ajudado os irmãos sofredores e marginalizados a
carregarem suas cruzes? Ou ficamos tão somente tentando consolá-los com
conversas adocicadas?
Pe. Francisco de Assis Inácio
Pároco
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