sábado, 16 de março de 2013

5º Domingo da Quaresma - Comentário litúrgico



Introduzindo
                Na 1ª leitura, Deus fala do que fez e do que ainda fará pelo povo. Sua bondade é eterna. Na 2ª leitura nos é indicada a figura extraordinária de Paulo, um convertido que vive para Cristo, após ter deixado de lado as tradições, algumas delas sem nenhuma importância. No Evangelho, Jesus aparece reagindo em relação aos que erram, e aos que se julgam justos e juízes dos outros. Deus é sempre maior do que a mentalidade tacanha de todos eles, hipócritas!

1ª Leitura (Is 43,16-21)

                O texto descreve a experiência do povo sendo libertado do Egito e buscando a terra prometida. Mas ao mesmo tempo, ouvimos Deus prometendo fazer a esse povo coisas maiores.
                É claro que Deus não encerrou a sua ação promotora ao libertar o povo do Egito, mas continuará a cuidar dele.
                O texto ainda fala da glorificação a Ele feita pelos animais: O que isso significa? “Esse simbolismo do louvor dos animais está em contraposição ao louvor do ser humano endereçado a Deus. Na concepção bíblica, o verdadeiro louvor consistia em um sacrifício de ação de graças (Lv 7,12) cujo aspecto fundamental era uma conduta reta, ajustada à vontade de Deus (Sl 50,23). Palavras bonitas endereçadas a Deus, mas unidas a obras injustas, faziam o louvor não ser aceito (Sl 50, 13.23b)” (Vida Pastoral, 5º domingo da Quaresma, março-abril de 2013).

2ª Leitura (Fl 3,8-14)
                Paulo foi um fariseu cumpridor irredutível da lei; para ele, cumprindo ao pé da letra todas as tradições dos antigos e suas convicções, mesmo sendo-as absurdas, estaria salvo, mas depois que descobriu Cristo, passou a romper com o passado e aceitou a novidade do evangelho. “Mais ainda: considero tudo perda em comparação com o superior conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por ele dou tudo como perdido e o considero lixo, contanto que eu ganhe Cristo e esteja unido a ele...” (3,8).
                Pensemos: Participar da Eucaristia e viver contrariamente os valores diferentes daqueles ensinados pelo querido Irmão Jesus Cristo não é uma tremenda incoerência cristã? Que tal, aproveitamos o período quaresmal e fazermos uma avaliação da nossa vida?

Evangelho (Jo 8,1-11)
                Os doutores da lei, sacerdotes e escribas buscam de toda maneira as condições para incriminar prender e condenar Jesus. Aproveitaram da presença de Jesus no Templo, enquanto ensinava, trazendo-lhe uma mulher surpreendida em adultério.
                A situação em que se encontra o Mestre é complicada: Pois, se de um lado, não poderia ficar contra a Lei, o que seria um pretexto para acusá-lo de blasfêmia, e, de outro, era de conhecimento público sua misericórdia para os pecadores.
                Que cena dramática! Trata-se de uma mulher pega em adultério. E o mais grave é que ela está para ser apedrejada até a morte, porque é assim que prescreve o Levítico: “o homem que cometeu adultério com a mulher do próximo deverá morrer, tanto ele como a mulher com quem cometeu delito” (Lv 20,10).
                Os escribas e fariseus tomaram uma decisão duríssima, mesmo pousando de justos: conduziram a mulher até Jesus. É pilhérico e até engraçado: Onde está o homem envolvido com a mulher no adultério? A pergunta deles a Jesus é para colocá-lo à prova, e é esta a questão: “Mestre, esta mulher foi flagrada cometendo adultério. Moisés, na Lei, nos mandou apedrejar tais mulheres. E tu, que dizes?” Eles perguntavam isso para experimentá-lo e ter motivo para acusá-lo. Silêncio total...! Silêncio-omissão? Medo? Covardia? Nada disso! Silêncio-indignação... . Profetismo no duro! O silêncio de Jesus revela o pecado dos acusadores – vão se retirando um a um.
No face a face entre a mulher e Jesus, em que a verdade de cada um é iluminada, a palavra de Jesus liberta, mostra a misericórdia de Deus e abre um caminho novo: “Ninguém te condenou? Eu também não te condeno! Vai, e de agora em diante não peques mais” (vv 10-11).
                O grande pecado é o anti-amor, o desamor, o ódio, a falta de caridade, o egoísmo. Deus é amor. O maior de todos os mandamentos, sabemos qual é. Sabemos, também, o segundo, igual ao primeiro (mesmo porque não ama o próximo a quem vê e diz que ama a Deus a quem não vê, segundo a Primeira Carta de João , é mentiroso). Em contraprova, o demônio por ter confirmado o ódio, tornou-se incapaz de amar. O inferno é inferno por ser ausência de amor, reino do ódio, vitória final do egoísmo. Nada de novo, é apenas chamada à memória de verdades já conhecidas.
                O Papa João XXIII, de saudosa memória, certa vez disse aos bispos: “Não saiam da caridade para vocês não saírem de Deus”.
                “Realiza em nós este prodígio, que está muito acima da carne e do sangue: Infunde-nos medo de qualquer pecado, mas acima de tudo, o medo de ferir a caridade” (Dom Helder).
                É impressionante a reação de Jesus: Ele ajuda a mulher a superar a sua mancada, cobrindo-a irresistivelmente, bem a confiança sem limites e leva-a a recomeçar, humilde e alegremente, depois da queda.
Reflitamos: Como temos acolhido os arrependidos e dispostos a não mais pecar? Pensemos no que diz São João Crisóstomo: “As lâmpadas de nossas vidas nunca mais se apagarão. O fogo divino da reconciliação, aceso pelo amor de Cristo, brilha em todos nós; penetra no íntimo de nossas pessoas”.

Pe. Francisco de Assis Inácio
Paróquia da Imaculada Conceição
- Pároco -


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