sábado, 28 de setembro de 2013

LÁZARO, O CONSOLADO! O RICO, O ATORMENTADO!

    26º Domingo do Tempo Comum

·                    Evangelho: Lc 16,19-31
                É Lucas o evangelista que, intencionalmente, nos apresenta Jesus a caminho de Jerusalém. Seria desnecessário dizer que esta “viagem” percorrida pelo caminheiro Jesus que lá vai indo, carrega consigo uma acepção teológico-catequética.  Ou seja, o Mestre precisa concluir sua missão, tendo que anunciar o seu Projeto de salvação também a Jerusalém, responsável por calar até os profetas de Deus, mesmo que seja preciso correr riscos. “A viagem de Jesus culmina em Jerusalém, onde será morto pelo poder político e religioso, mas ressuscitará vitorioso”.
                Por detrás das palavras, Lucas parece insistir no fato de que essa viagem é, portanto, o caminho de quem aceita ser discípulo missionário de Jesus, ou seja, a estrada a ser trilhada pela comunidade. Agora, porém, ocorre-me uma indagação: Então, para alguém se candidatar a ser cristão, a condição sine qua non (sem o qual não pode) é assumir opções e riscos, os mesmos do Mestre?
                Um detalhe não menos importante, é que esta parábola não é encontrada em todos os evangelhos; ela é uma especialidade própria na “mesa” de Lucas.
                               De certo modo, é típico do Evangelho de Lucas realçar, mais do que os outros, as “inversões da situação”, em que os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos: trata-se da parábola do endinheirado e do pobre Lázaro (Lc 16,19-31).
                               Inversões de valores: É interessante salientar aqui as desproporcionalidades: Por exemplo, as sobras da mesa do rico não vão para o pobre, mas para os cachorros. A vida do cachorro do rico é mais importante do que a vida do pobre. Outro elemento importante é que Lázaro tem nome, enquanto o rico não se sabe o seu nome (não tem identificação). Outro diferencial: Enquanto Lázaro vai para “o seio de Abraão”, o rico, entretanto, vai para o xeol, a região dos mortos.
                               Conferindo a retrospectiva (v. 19): “Havia um homem rico, que se vestia com roupas finas e elegantes e dava festas esplêndidas todos os dias. Um pobre, chamado Lázaro, cheio de feridas, ficava sentado no chão junto à porta do rico. Queria matar a fome com as sobras que caíam da mesa do rico,...”.
                               A parábola faz uma alusão a uma realidade marcada pela dureza, isolamento, incredulidade: consequências próprias do viver em função “do ter pelo ter”. Os pobres não têm absolutamente nada a perder; por isso, os seus corações vivem disponibilizados para os outros.
                               Todos são iguais em matéria de morte, mas o destino é diferente: “Lázaro é levado pelos anjos junto de Abraão (v. 22), isto é, torna-se íntimo daquele que foi solidário com o mais fraco”. Inversão de situação: o rico está em aflição e Lázaro bastante sossegado em companhia de Abraão.
                               “A pessoa só tem um coração; se o coração se afeiçoa ao dinheiro, fecha-se ao irmão. Os ricos são infelizes porque e rodeiam de bens como de uma fortaleza. Os pobres não têm nada a perder. Por isso, ´as mãos mais pobres são as que mais se abrem para tudo dar’”.
                Conclusão: quanto a esta passagem, agora compreendo bem o que Jesus quer dos fariseus: “Ele está tentando fazer ver aos fariseus é que, num tempo onde os meios para entrar no Reino de Deus estão na Lei de Deus, eles correm o risco de abraçar não a Lei, mas o que é abominável aos olhos de Deus”.
                         É sobre esse pano de fundo que Jesus conta a parábola do rico e de Lázaro: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”.

                               Para refletir:
ü    Como reagimos como cristãos em face das clamorosas injustiças sociais? Tomamos posições parecidas com as de Jesus? Ou será que não ficamos assistindo, passivamente, dizendo que tudo enfim, é vontade de Deus?
ü    A quantas andamos em matéria de teoria, discursos, conversas? E de prática?



                Paróquia da Imaculada Conceição
Nova Cruz – RN

Pe. Francisco de Assis Inácio

Pároco

Um comentário:

  1. Uma excelente reflexão do Padre Assis. Nos ajudará nas posições que devemos tomar com base em Jesus Cristo.

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