sexta-feira, 21 de junho de 2013

Os santos de todo o mundo para o mundo de hoje

Pe. Francisco de Assis fala sobre os santo juninos

Introdução

       Os santos e as santas sempre estão em alta, nunca saem de moda, embora uns sejam mais conhecidos, venerados e até mais amados do que outros, conforme os diversos tempos e interesses circunstanciais. Por que é assim? É que eles significam um indispensável e urgente testemunho a estimular um ardor diante do caminhar de cada um de nós cristão para Deus.
       Finalmente, como sabemos, há santos que atendem a todos os pedidos, para qualquer que seja a grandeza, sem deixar de lado o feitio.  A listagem é quilométrica...!
       E nós? Lutemos para que também cheguemos lá! É desafio por cima de desafio a sermos também nós santos. Contudo, não esqueçamos a seguinte condição: ser santo é essencialmente seguir e imitar a Jesus Cristo e amar os nossos irmãos e irmãs.
       Vai aqui a minha simples reverência e, desta vez, “aos santos populares do mês de junho”: Santo Antônio, S. Pedro, S. João Batista e S. Paulo, os santos de todo o mundo para o mundo de hoje, neste Ano da Fé.   

Santo Antônio
       Antonio, cujo nome de registro é Fernando de Bulhões y Taveira de Azevedo, nasceu em Lisboa em 1195. Entrou aos quinze anos no colégio dos cônegos regulares de Santo Agostinho, em Lisboa, onde permaneceu por dois anos; depois, esteve durante nove anos entre os agostinianos de Coimbra. Entrou para o convento franciscano de Santo Antônio de Coimbra, tomando o nome do patrono e santo abade (Antonio Olivares). Em seguida viajou para a África onde não permaneceu tendo que retornar por motivo de saúde.  
              Participou do capítulo geral da Porciúncula (das Esteiras) em 1221, onde pôde ver São Francisco. Admitido na Província franciscana da Romagna, na qual recebeu (em Forli) a ordenação presbiteral.
       Morreu a 13 de junho de 1231, em Pádua, ao norte da Itália, exclamando: “Vejo o meu Senhor!”As crianças e o povo gritavam: “Morreu o santo! Morreu Santo Antônio!”
Lições deixadas por Santo Antônio a quem pretende interagir a fé com a vida:
- amor apaixonado a Jesus e a Maria Santíssima; - homem místico vivendo da oração e da devoção; - insigne pregador da Palavra de Deus; - amigo dos pobres e defensor das vítimas das injustiças; - amante da pobreza; - homem universal.

São João Batista
         João, que significa “Deus agracia”, foi nome dado pelo próprio anjo aos seus pais, Zacarias e
Isabel.
             Chegado a altura de iniciar a preparação para a vinda do Messias, começou a percorrer a região do Jordão pregando um Batismo de penitência e recorrendo ao profeta Isaías para proclamar: “Preparai o caminho do Senhor!” Exortava veemente o povo à conversão, com expressões fortes, escandalizava os fariseus e o próprio Herodes, a quem censurou também por ter casado com a cunhada, e que por isso o mandou prender e mais tarde degolar.
          Entretanto, Jesus apresenta-se no Jordão para ser batizado por ele. Depois de recusar por não se sentir digno, João acede e testemunha que o Espírito desceu sobre Jesus.
             Agora podia desaparecer pois era necessário que Jesus crescesse e ele diminuísse, uma vez que nem digno era de lhe desatar as sandálias.
         A verdade é que foi verdadeiramente um homem à altura da sua missão extraordinária.
Lições deixadas por São João Batista a quem pretende interagir a fé com a vida:
- um modelo ainda capaz de entusiasmar os verdadeiros cristãos ao profetismo autêntico; - vocação cumprida, desde o seu nascimento e suscita interrogações: o que virá a ser este menino?; - verdade e humildade, ao dizer a qualquer um o que era preciso dizer e de si mesmo afirmou que não era o Messias nem se sentia digno de se aproximar d´Ele, só desejando que Ele crescesse enquanto ele desaparecia; - penitência: retirou-se para o deserto, para preparar a sua missão, onde vivia com grande austeridade, vivendo em virgindade, jejum e oração; - enfim, João pode ser modelo para os ascetas, para os pregadores, para os ecologistas e vegetarianos. Modelo, inclusive, para os cristãos que devem
ser, como ele, anunciadores de Jesus e testemunhas da verdade e da esperança.

São Pedro              
“Pedro (Petros em grego, significando “pedra”, “rocha”, correspondente a Kefas, do aramaico Kefa, “rocha”) foi o nome que lhe atribuiu Jesus, consirando-o primeiro entre os Doze. Chamava-se Simão, filho de Jonas e irmão de André. Era pescador, natural de Betsaida, mas vivendo em Cafarnaum com a sogra, deduzindo-se daí que era casado. Ocupa lugar especial junto de Jesus, que o chama a ser “pescador” de homens”, cabeça do Colégio Apostólico. Morreu mártir em Roma cerca do ano de 67, sob o domínio do Imperador Nero. São atribuídos alguns escritos.
Lições deixadas por São Pedro a quem pretende interagir a fé com a vida:
- Impulsivo, simples, franco, apaixonado pela causa; - amor a toda prova ao Mestre: “Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo!”; “ardentemente apaixonado pelo Cristo” (Santo Agostinho); - humilde e levado à conversão: no lava-pés, inicialmente resiste, mas depois deixa Jesus realizar o seu Plano; - chefe da Igreja, Primeiro Papa: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”; “apascenta as minhas ovelhas”; - vocação cumprida e martírio: deixando tudo, incluindo a família, seguiu Jesus, feito “pescador de homens”.

São Paulo
Paulo nasceu em tarso, na Cilícia, de família judaica, tendo também cidadania romana. Recebeu formação nas melhores escolas. Perseguidor dos cristãos (esteve presente na morte de Estevão), converteu-se de repente, pelo ano de 36, quando Jesus se lhe manifestou no caminho de Damasco (cf At 9). Volta-se totalmente para Cristo e para a missão extraordinária que o Filho de Deus lhe confiou de ser Apóstolo dos gentios. Faz diversas viagens apostólicas pelo mundo conhecido de então, fundando comunidades que depois visitava de novo ou a quem escrevia cartas.
Lições deixadas por São Paulo a quem pretende interagir a fé com a vida:
- Pedro e depois Paulo, ambos juntos até na celebração litúrgica. Ele tem muito o que nos indicar como testemunho de fé e vida, autêntico seguidor de Jesus Cristo. Foi feliz o Papa Bento XVI, quando declarou o ano de 2008 a 2009 como sendo o Ano Paulino, celebrando 2000 anos do nascimento deste intrépido apóstolo.
- Apóstolo do Senhor, como ele mesmo se auto cognomina. “Para mim viver é Cristo”; “Já não sou eu quem vive, mas é Cristo quem vive em mim”; “sei a quem me entreguei”. Amor incondicional à Igreja, Corpo de Cristo, sempre unido a Cabeça, que é Cristo, devendo cada cristão sentir-se membro responsável e exercendo os seus carismas ou ministérios. Caridade para com os pobres filhos de Deus, a exemplo de Jesus que, sendo rico, por nós se fez pobre (2 Cor 8). Exemplo de oração: não cessa de pedir graças a Deus por todos, apelando também à oração dos fiéis, a “orar sem cessar”. Modelo de homem feliz e alegre: não obstante tantas as tribulações, exorta os cristãos a “alegrar-se sempre no Senhor”. Mártir: foi testemunha fiel do Ressuscitado, consciente de ter combatido o bom combate e na esperança de receber a coroa da glória. Morrer para estar com Cristo, pareceu ser, sobretudo, nos últimos tempos o seu maior desejo.

Critério para alguém ser santo
Qual é o critério e onde buscá-lo? O critério não é outro, e sim aquele indicado pelo próprio Jesus, e porque está nele. Vejamos o que ele diz: “Pelos frutos conhecereis a qualidade da árvore” (Mt 7,16). E diz mais: “Quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto” (Jo 15,5).
Eis, portanto, o critério, juntamente com a manifestação dos fatos extraordinários, dos milagres alcançados pela mediação da pessoa falecida, que a Igreja se utiliza para considerar alguém apto a ser santo, isto é, para ser declarado santo oficialmente pela Igreja.
A não ser que alguém tenha sido martirizado. Neste caso não há necessidade de provas, de milagres, para o processo de canonização, pois seu martírio já é a confirmação perfeita de sua vivência a nível das virtudes teologais: fé, esperança e caridade.
A palavra de Deus admite que Jesus, quando passou por este mundo quis precisar de intermediários. Por que não admitirá, aqui e agora, a intermediação dos santos?
É claro que ele é o único e suficiente mediador (1 Tm 2,5), mesmo assim, quem vai negar como verdade bíblica, que Jesus admitiu intermediários. Pedro, de joelhos, orou e fez Tabita recuperar a vida (At 9,40). Além de tantos outros exemplos.
Eis, portanto, a razão pela qual, recorremos aos santos e santas, não para comercializar com eles, muito menos com Deus. Os santos e santas são lembrados como ajuda e estímulo para todos os que caminham na busca da própria santificação. “E vós fostes feitos nossos imitadores, e do Senhor, recebendo a palavra em muita tribulação, com o gozo do Espírito Santo” (1 Ts 1,6).
“Todo santo é mero reflexo da santidade de Cristo, é obra excelente da graça do Redentor; por isso, quem cultua um santo, cultua-o em função de Cristo, louvando a Deus por quanto fez nos eu santo”.
        E todos os santos e santas da Igreja são, realmente, exemplos, animadores nossos. Por conseguinte, Santo Antônio, São João, São Pedro e São Paulo, são os santos evocados no mês de junho e ovacionados durante qualquer tempo pelo piedoso povo de Deus. Eles, os santos de todo o mundo para o mundo de hoje.
Fontes:
·  LODI, Enzo, Os Santos do Calendário Romano. Rezar com os santos na liturgia, S Paulo, Paulus, 2001.
·  OLIVEIRA, José H. de, Santos ao ritmo da liturgia, S. Paulo, Paulus, 2010.
·  GIOVANNINI, Luigi – SGARBOSA, Mario, Um santo para cada dia (10ª ed.), S. Paulo, Paulus, 1983.

·  GOFFI (org.), Tullo – SECONDI, Bruno, Curso de espiritualidade. Experiência – Sistemática – Projeções, S. Paulo, Paulinas, 1994.

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